No fim do ano, vários grupos de pessoas adotaram o costume de trocar a cerimônia da entrega de presentes do Amigo Oculto, pelo do Inimigo Oculto, só para variar um pouco e fazer mais animada a comemoração, cutucando a criatividade, chacoalhando à imaginação.
Outros fazem
as duas atividades juntas ou separadas.
Outros
simplesmente, se poupam desse evento. Fazem nada.
Lembro, que num desses encontros para o Inimigo Oculto, tive a sorte após o sorteio, de presentear um cara, ao qual eu admirava bastante. Um personagem legal, cujo apelido era “Minduim” porque tinha sardas na pele. O codinome quase que virou nome próprio. O verdadeiro nome, quase ninguém sabia.
Para mim a escolha ficou muito óbvia. Comprei um mucado
de sementes de amendoim, a maioria com casca para manter a aparência avermelhada, caprichei um pouco no embrulho e pronto. Ele recebeu com
agrado, mas sem transcendência, sem repercusão. Somente teve aplausos e aqueles ligeiros
sorrisos amarelos como dizendo: muito sem graça.
Mas soube
de outra situação que ficou pra lá do inacreditável, fora do controle.
Aconteceu na turma bem levada dos meus colegas, onde existiam pessoas fisicamente, diferentes como em qualquer conglomerado de trabalho. Um dos rapazes era de ascendência japonesa.
Instintivamente,
muitos ao se depararem ante um oriental, o associam com “Bráulio reduzido”, de
escassas dimensões, o que realmente se desconhece.
Cada caso e um caso, o melhor dito, usaremos aquela célebre frase de : uma coisa
é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
E se por
acaso o cara resulta ser de Paraguai e se aparece com uma surpresa?
Aquele japonês
era um rapaz forte, inteligente, respeitoso, bem apessoado, sempre disposto
para o futebol, para o happy hour, mas naquele dia do Inimigo oculto, tiveram a
infeliz idea de presenteá-lo com um daqueles pintinhos ou passarinhos que ficam
pendurados num arame e vão descendo girando. De fato e o conhecido Pica-Pau
brinquedo de madeira.
Pouco depois
a sala se veio abaixo com o estrondo das risadas, mas o nosso amigo, ficou
muito chateado, virou uma arara, se retirou e depois daquele dia o tempo fechou para sempre. Até
hoje, esse assunto e a lembranca do incidente são proibitivos.
Foi uma
pena, mas isso acontece quando não se tem a medida certa das brincadeiras. Mas
ca entre nós, acho que também a gente não deve se tomar muito a peito algumas
coisas.
Talvez, eu
esteja dizendo isso porque não estou nem remotamente nesse conflito pessoal,
mas já estive em outros bem complicados e tive jogo de cintura.
Ainda bem, que tudo isto teve lugar numa época onde não se falava tanto do politicamente correto e onde nem tudo era bullying. A intenção nunca foi magoá-lo, mas ele está no seu direito de não ter gostado, de não ter se sentido a vontade.
De qualquer
forma, um forte abraco para você, meu caro. Concordo com que Bilau pequeno, também tem
que ser respeitado e mais quando tem algumas por aí dizendo que tamanho não é
documento.
Safadinha! Me engana que eu gosto (de ser enganado). Não confunda!