quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Boa Viagem. Boa Sorte!

Hoje, me despedindo de um entranhável amigo, que como dissera o grande Ivan Lins, vai começar de novo, mas que tem um pouco de dificuldades em contar com ele mesmo, afortunadamente encontrou e me enviou uma passagem do genial Fiodor Dostoievski, da obra Os irmãos Karamazov, que o estimulou e reconfortou, (e por que não também a mim?), nos momentos de dúvidas e fraquezas, quando esquecemos que o medo devora a alma.

Curioso ver, como este virtuoso das letras e da imaginação, de quem brotaram joias como O Idiota e Crime e castigo por citar só algumas, há muitos anos, séculos, já tinha sua visão formada sobre o que nos dias atuais, tanto comentamos sobre zona de conforto. Os problemas existenciais, sempre foram os mesmos, sempre existiram.

Lembro também nessas horas, de uma música que no mundo hispânico imortalizou o singular intérprete catalão João Manuel Serrat  “Pueblo Blanco”, e cujos versos finais me ajudaram muito quando decidi emigrar, que é o mesmo que ele está fazendo agora.

Escapad gente tierna, 
que esta tierra está enferma, 
y no esperes mañana 
lo que no te dio ayer, 
que no hay nada que hacer. 

Toma tu mula, tu hembra y tu arreo. 
Sigue el camino del pueblo hebreo 
y busca otra luna. 
Tal vez mañana sonría la fortuna. 
Y si te toca llorar 
es mejor frente al mar. 

Si yo pudiera unirme 
a un vuelo de palomas, 
y atravesando lomas 
dejar mi pueblo atrás, 
juro por lo que fui 
que me iría de aquí... 

Pero los muertos están en cautiverio 
y no nos dejan salir del cementerio.

Este último verso representa fielmente um lugar que conheço muito bem, aliás, conhecia.

Mas não podemos perder a perspectiva de que não estamos mortos e também não nascemos com alma de árvores.

“Somos assim: Sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”

Os irmãos Karamazov.


Fiódor Dostoiévski

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Coisas desse tipo.

Um candidato a governador do estado de Minas Gerais teve a infeliz colocação de chamar minorias, de classificar a diversidade social, não como seres humanos, senão como “Coisas desse tipo”. O Rapper Renegado deu uma bela resposta a tão inconcebível raciocínio.

As pessoas são traídas pelo subconsciente, deixam escapar as essências mesmo se policiando, simplesmente porque as aparências enganam.

Citarei as palavras de um pequeno-grande amigo, para completar a ideia sobre esta postagem.

As pessoas costumam se apresentar e aparecer da maneira que desejam que nós as vejamos.

O fato é que nem nós mesmos nos conhecemos por completo. A gente se surpreende com as barbaridades que fez no passado e ainda nós temos receio que pratiquemos outras no futuro. Imaginem querer prever 100% do comportamento do seu semelhante, só pelo que ele dizer e prometer numa campanha, num ato de desejo ou ambição de poder. Se fosse estoicismo, voluntariado, entrega incondicional, uma dedicação a mais fora da atividade produtiva diária, queria ver quantos estariam se candidatando, ou se ao menos o 10% dos candidatos atuais permaneceriam em campanha.


Apoiando a causa da resposta do Renegado, os meus filhos foram escolhidos por olheiros para o clipe, representando a diversidade e a beleza da raça negra.