Hoje, me despedindo de um entranhável amigo, que como
dissera o grande Ivan Lins, vai começar de novo, mas que tem um pouco de
dificuldades em contar com ele mesmo, afortunadamente encontrou e me enviou uma
passagem do genial Fiodor Dostoievski, da obra Os irmãos Karamazov, que o
estimulou e reconfortou, (e por que não também a mim?), nos momentos de dúvidas
e fraquezas, quando esquecemos que o medo devora a alma.
Curioso ver, como este virtuoso das letras e da imaginação,
de quem brotaram joias como O Idiota e Crime e castigo por citar só algumas, há
muitos anos, séculos, já tinha sua visão formada sobre o que nos dias atuais,
tanto comentamos sobre zona de conforto. Os problemas existenciais, sempre
foram os mesmos, sempre existiram.
Lembro também nessas horas, de uma música que no mundo hispânico
imortalizou o singular intérprete catalão João Manuel Serrat “Pueblo Blanco”, e cujos versos finais me
ajudaram muito quando decidi emigrar, que é o mesmo que ele está fazendo agora.
Escapad gente tierna,
que esta tierra está enferma,
y no esperes mañana
lo que no te dio ayer,
que no hay nada que hacer.
Toma tu mula, tu hembra y tu arreo.
Sigue el camino del pueblo hebreo
y busca otra luna.
Tal vez mañana sonría la fortuna.
Y si te toca llorar
es mejor frente al mar.
Si yo pudiera unirme
a un vuelo de palomas,
y atravesando lomas
dejar mi pueblo atrás,
juro por lo que fui
que me iría de aquí...
Pero los muertos están en cautiverio
y no nos dejan salir del cementerio.
que esta tierra está enferma,
y no esperes mañana
lo que no te dio ayer,
que no hay nada que hacer.
Toma tu mula, tu hembra y tu arreo.
Sigue el camino del pueblo hebreo
y busca otra luna.
Tal vez mañana sonría la fortuna.
Y si te toca llorar
es mejor frente al mar.
Si yo pudiera unirme
a un vuelo de palomas,
y atravesando lomas
dejar mi pueblo atrás,
juro por lo que fui
que me iría de aquí...
Pero los muertos están en cautiverio
y no nos dejan salir del cementerio.
Este último verso representa fielmente um lugar que conheço
muito bem, aliás, conhecia.
Mas não podemos perder a perspectiva de que não estamos
mortos e também não nascemos com alma de árvores.
“Somos assim: Sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para
voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no
vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de
certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo
por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.”
Os irmãos Karamazov.
Fiódor Dostoiévski