sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Galinha d’Angola

Há vários dias está nos visitando em casa uma galinha d’Angola, que parece que está perdida ou procurando alguma coisa, que não chega, que não encontra.

Na minha terra é conhecida como Guineo. São bem ariscos e ágeis, mas esta, ao parecer, está acostumada com o convívio, a presença dos humanos e dos animais domésticos.

Ela, ou talvez ele, fica nas áreas externas da residência e passa longas horas no mesmo lugar, entoando um peculiar cântico, que por vezes te faz desviar a atenção, dependendo da intensidade. Ainda bem que à diferença do galo da vizinha, não tem o despertador desregulado.


Várias pessoas me comentaram sobre crenças populares ligadas à existência e aparecimento súbito destes animaizinhos, mas até agora, ninguém soube elaborar uma frase completa ou lógica sobre o assunto.

Só sei que eles me remetem à minha infância, quando viajava ao interior do país e ficava distraído acompanhando com a vista, bandos destas aves.

A principal e mais recente lembrança que guardo relacionada com eles, é a dos meus filhos, quando eram crianças, no maternal, onde lhes ensinavam canções lindas, antológicas músicas. 

A homenagem que o Vinícius de Moraes fez para esta criatura, nunca saiu da minha cabeça, junto com a maravilha de ver a aqueles pequenos seres, felizes, possuídos pela toada e imersos na vasta imaginação, que afortunadamente, a pouca idade lhes propiciava.

Coitada, coitadinha
Da galinha-d'Angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola

Ela vende confusão
E compra briga
Gosta muito de fofoca
E adora intriga
Fala tanto
Que parece que engoliu uma matraca
E vive reclamando
Que está fraca

Tou fraca! Tou fraca!
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!

Coitada, coitadinha
Da galinha-d'Angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola

Come tanto
Até ter dor de barriga
Ela é uma bagunceira
De uma figa
Quando choca, cocoroca
Come milho e come caca
E vive reclamando
Que está fraca

Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!

Aleatoriamente, ora a galinha estava no nosso lote, ora ficava em cima do muro ou andava pela rua, exposta aos carros e outros perigos. Então tivemos a ingênua ideia de gravar o som do canto que emitia e uma vez, quando ela esteve mais afastada, colocamos a gravação feita com o celular, para atrai-la.

De repente, a galinha se disparou a correr na nossa direção e atacou a gente. Tivemos que correr e entrar às pressas em casa, para protegermos das investidas. 

Foi muito engração ver vários adultos correrem por causa da bichinha, além de termos que aguardar um bom tempo, para podermos abrir portas e janelas e sairmos de casa novamente.

Ninguém esperava aquela reação. Quem sabe ela imaginou que a gente estava zoando-a e ficou zangada. Mas, essa não foi a nossa intenção.


Só sei que ela pode estar fraca, mas fraca não é, não!

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