terça-feira, 29 de dezembro de 2015

CANIBALISMO!

Depois de tantos anos morando no Brasil, com a certeza de que entendo praticamente tudo o que me falam e com a convicção de que não se entende quase nada do que digo, ainda acontecem situações inusitadas, por desconhecimento não tanto da palavra, como do contexto, da situação e o uso dado à mesma.

Voltando ao assunto da fala e não da comunicação e honrando o título deste, o meu espaço de desabafo, já ouvi até comentários atrozes, mal intencionados, ao respeito, mas isso e nada para mim são a mesma coisa. Certo é que devo tomar mais cuidados, me dedicar mais. 

Como em todo nesta vida há verdades, subjetividade, relatividade e até alguma que outra miséria humana, às vezes oculta. Ainda que não seja o mesmo, é quase igual, ou seja, dá na mesma e a vida continua. Estou “assim” de preocupado com isso. Mas eu reconheço as minhas insuficiências, das dificuldades da compreensão, mais do que as minhas habilidades em outras esferas e até no campo da comunicação.

Retomando o tema principal. Por questões de trabalho, proximamente devo me deslocar para uma região remota do país, onde está em andamento uma das poucas obras de grande porte que sobreviveu a esta crise, que já entrará no ano de 2016 e ninguém sabe até quando durará.

No fundo, não estou muito curioso por saber sobre as condições do lugar, nem mesmo sobre as regulamentações da viagem, moradia, retornos à cidade onde resido, opções de lazer, etc., porque não tenho escolha. Não há empregos e temos que aceitar o que vier. Faz parte.

Mas às vezes, os que já visitaram o lugar ou estão trabalhando por lá, fazem alguns comentários que desanimam qualquer um.

Dias atrás, estávamos conversando um grupo de colegas e as notícias sobre as características do "lugar", não poderiam fugir. O amigo D, que já é veterano de muitas pré-operações e comissionamentos, que tem bagagem e experiência suficientes como para estabelecer comparativos, já adiantou alguns detalhes preocupantes sobre o nosso próximo destino.

Por outro lado, o seu jeito otimista e simples de ser, de encarar as coisas com leveza, ajudam a diminuir os efeitos negativos. Ao mesmo tempo, ele sempre fala sobre outros aspectos menos negativos que permitem levar a vida de uma maneira menos pesada, incorporando uma pitadinha de safadeza no cardápio diário, o que é característico nele.

Dentre as questões que falou, fez referência ao fato de já terem começado as primeiras manifestações de canibalismo, segundo as suas próprias palavras.

No início, não dei muita importância, achando que seria mais uma das brincadeiras dele para assustar a gente, mas continuou falando do tema com seriedade e aos poucos comecei ficar preocupado.

Pensei: “não basta estar longe, num lugar inóspito, por cima topar com animais peçonhentos e perigosos, senão que também estarei exposto à “seres humanos” selvagens que podem me preparar uma cilada, pegar um objeto contundente, me esquartejar e colocar num tabuleiro”.

Continuei ouvindo com certo pavor dissimulado, quando ele começou rir e esclareceu após eu perguntar sobre o assunto: Canibalismo, na gíria, é macho que come macho, homem que gosta de homem, e já houve alguns casos entre o pessoal das empreiteiras, que foram pegos in fragrante.

Ai eu respirei fundo e fiquei calmo. Nenhumas das duas modalidades de canibalismo me preocupariam então.

Lá, a civilização chegou e não seria caçado como uma presa como parte da cadeia alimentícia.

Lá, tanto como aqui e em qualquer outro lugar, não corro o risco de me envolver nessa outra forma de canibalismo. Isso é para quem gosta e topa.

Abração amigo D, a gente se encontra por lá!

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