sábado, 6 de novembro de 2010

Foto: Madri. Espanha.

Na Espanha tive a oportunidade de me aproximar mais da obra de Eugenio Salvador Dalí, Sempre admirei sua arte. Entendi mais um pouco sobre aquela incógnita de descobrir onde acabava o louco e onde começava o Gênio. Simplesmente um Gênio-Louco.

Hoje, tenho a certeza de que para nós que falamos português, há dois singulares erros no nome do Dalí. Um de grafia e outro de pleonasma. O nome dele deveu ter sido somente Gênio porque o Eu é redundante. Os gênios já nascem como tais.

Para muitos Eugenio nunca formou parte da lista dos nomes do artista mouro-catalão, é só uma invenção de Mecano, que brincou com a imaginação e a criatividade que lhes caracterizava.

Nesta foto encontro-me perto do Ponto Zero da cidade de Madri.

Vi a Cibeles a Chorar, sentei à sombra de um leão com a minha eterna namorada , -não quero namorar mais ninguém- e conheci até uma Dona Manolita inesquecível, que fez meus dias mais felizes naquela cidade, tão distante do mar (obrigado Chico).

Experimentei aquilo que tanto me intrigou durante anos na música de Joaquin Sabina, que a Ana Belén cantava com a mesma paixão com que a Gunila interpretava "Vida" e com a mesma ternura que a Laugart entoava “Ni un ya no estás”.

É lamentável que esta última tenha adquirido tanta vulgaridade no Norte, que primeiro tentou nos roubar o “Son” como dizem por ai, depois atacou a canção e nos roubaram a Xiomara, mas ela não é de lugar nenhum, é do mundo.

Mensagem: Eu e todos os teus seguidores temos um encontro marcado contigo no Teatro Nacional da Havana, para que nos deleite, para que nos impacte com tua voz, como só você sabe fazer.

Quê coragem Cucú Diamantes! Pretender dividir um palco com esse ser do além. O palco é dela, é o lugar para A Voz, é o lugar para a Laugart. Você só poderia ficar na platéia aplaudindo-a e venerando-a.

Com a Xiomara acontece o mesmo que com a Betânia e um grupo reduzido de seletas e geniais intérpretes, que sem serem compositoras, nem as originais cantoras de uma determinada composição musical, toda vez que se decidem por uma interpretação, mudam a história da citada música. A partir desse momento, haverá um antes e um depois, no qual outros cantores medem-se para cantá-la novamente ou costumam pedir licença.

Ai está vendo passar o tempo: A Porta de Alcalá.

Pena que junto com tanta beleza e proximidade cultural, reparei em facilmente perceptíveis certos flagelos lamentáveis da humanidade, de seres que acham que a cor e a procedência são credenciais, que me fizeram ficar tão longe, quanto já tinha sido advertido. Não posso dizer que seja uma questão institucional, porque não tenho elementos, senão de nação terrível e hipocritamente dividida. E de seres inferiores e diminuídos. Eu não o padeci explicitamente, mas implicitamente estava bem latente.

A Praça de Touros. Com o fim da carnificina, quando a lei chegar a Madri, este lugar se converterá em quê?

Madri, e a Espanha como um todo, é um lugar ideal para turismo. Agora!, para viver e crescer, sem ter nascido espanhol, não acredito que o seja, nem o aconselho. Sempre sentirá a sensação de que não se chegou até onde devia e nunca se sentirá pleno, nunca terá o prazer desbordante que eu tive de cantar deste lado do mundo, junto com o Ivan Lins: “Aqui é o meu país”


Aqui estou  num dos lugares mais simbólicos e representativos da cidade: La Plaza Mayor.

Acabou que falei mais de outros assuntos do que de Espanha propriamente dito, mas é que o “comportamento” de uma parcela dos seus habitantes me decepcionou tanto, o achei tão de pessoas inferiores, que perdi o tesão e a vontade de fazer referências nacionais.

As coisas das quais falei, para mim, são bem mais importantes, interessantes e valiosas.

De que vale um lindo país com pessoas com pontos tão feios na alma? Ainda bem que não são todos.

Pese a todo, acredito que há muito para descobrir no país dos pioneiros em descobrimentos na era moderna ao tempo que responsáveis, pela destruição das culturas pré-colombianas, pelo saqueio indiscriminado do Novo Mundo, pela monstruosa instauração da escravidão e tráfego animalesco de SERES HUMANOS negros. Ao menos uma considerável fatia desta barbárie, penosamente lhes pertence. Mas, que mais poderia se esperar? Ainda bem que não foram todos.

Vale a pena apreciar a decoração desta porta. É Show!!!

Todos clamam porque o mundo, a Igreja Católica, etc., peçam perdão aos judeus pelo holocausto e eu o aprovo, mas quando se pedirá perdão a todo um continente e a toda uma raça, pelo racismo, pela segregação, pela humilhação, pelo desprezo?

Se alguém não gostou de algumas coisas que aqui leu, infelizmente, eu também não gostei de algumas coisas que lá vi e que para ser justo, não é privilégio só deles.

É a minha opinião Negra. É o meu direito Negro.

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