sábado, 25 de setembro de 2010

Artigo: Traições Também Ensinam a Viver.

As traições no ambiente organizacional indiscutivelmente são não desejadas, mas nos fortalecem.

Certa vez, um velho amigo teve uma grande decepção com o comportamento de um colega de trabalho e num momento de desabafo falou para mim uma frase, que na hora não comentei e fiquei um pouco desapontado, confesso que até alarmado, mas com o tempo, mesmo me resistindo a aceitá-la, pude constatar que o que para ele era uma verdade absoluta e inquestionável, para mim ainda não se tinha tornado tal, mas tive ao longo dos meus anos de trabalho, evidências sutis daquilo que lhe causou tanta dor.

A frase em questão era: “Se você quiser sofrer mais cedo ou mais tarde por uma traição: arrume um bom colega de serviço”.

Afortunadamente eu tive muitas boas experiências com antigos bons colegas de trabalho, que depois viraram ex-colegas e hoje são amigos. Outros são só boas lembranças e esporádicos contatos. O tempo, a distância e as mudanças que a vida traz conspiram contra nós. Na época em que trabalhávamos juntos e compartilhávamos um mesmo ambiente, administrando os anseios e diferenças de cada um, a alguns já os considerava amigos.

Desconheço até que ponto o meu amigo decepcionado estreitou as relações com o sujeito em questão e sobre que bases elas estavam fundamentadas. Ele recusou-se a dar mais detalhes, queria esquecer.

Costuma existir muita concorrência nos ambientes organizacionais. Os religiosos dizem que Deus é por nós, mas contra nós, às vezes há tantas entidades, que agüentar os embates e investidas destes seres, não é tarefa fácil. Tem que se ter muita estrutura e convicção para conseguir sopesar todas as abordagens e não prejudicar elementos vitais como princípios e relacionamentos. Em ocasiões é difícil e até quase inevitável não lesar alguém, mas zelar pela integridade e o bem-estar de tudo o que há de bom, sempre valerá a pena.

Não justificaria nunca a aqueles que se deixam levar pela condução do Mal.

Há colegas de trabalho, que até se dispõem a te valorizar, a ajudar a conquistar o lugar que presumivelmente você merece e ficam felizes e satisfeitos com o resultado da batalha que livraram em conjunto, incorporam um real senso de justiça, mas têm outros que quando percebem que você deixará de ser o coitadinho que sofria que era esmagado e ao qual lhe passavam a mão pela cabeça e que agora a tua condição finalmente mudará, começam a experimentar reações malvadas, ciúmes, receios, maquinações encobertas, etc.

É como se perdessem o motivo para exprimir compaixão, sentimento que para eles, inexplicavelmente fazia muito bem, entre outras coisas para o ego e para aquela necessidade que têm muitos de se compararem o tempo todo com os outros e se sentirem por cima e diferentes.

Tem um nuance que provavelmente muitos de vocês desconheçam, mas eu vou ajudar a tirar as máscaras agora. Estes “agentes do pró” que se metamorfosearam na surdina em “agentes do contra”, acreditam que os alvos são tolos. Agem com extrema hipocrisia e falsidade, convictos de que ninguém percebe, nem repara nas manobras obscuras que realizam, aparentando um profundo poder de análise e previsão para os superiores. Sem sombras de dúvidas, eles estão torcendo pelo teu sucesso e você estaria acreditando. Eles acham que estão obrigados a dosar as oportunidades dos outros.

Você passa de uma pedra bruta e valiosa que precisa ser lapidada e aos poucos irá tomando formas e brilhos, mas o processo de polimento aconteceu vertiginosamente, tanto quanto não se esperava, para ser visto daqui em diante, como uma árvore forte e frondosa que indiscriminadamente terá que ser podada até se possível cortada, porque incomoda.

Quanta pobreza humana! Na psicologia aprendida na universidade da vida, isso tem um nome. A satisfação doentia e patológica de ter causado dor, de cercear as aspirações do próximo, de ter se mostrado mais astuto, de expressar poder e não ser plenamente sincero por natureza, de continuar se sentindo superior.

O que eu sim consegui conferir e muito e por esta razão também eu acho que sou rico e afortunado, é que ex-bons-colegas podem virar excelentes amigos, compartilhando causas similares, onde a compreensão e identificação são maiores e resta somente o saldo positivo do período do convívio e os sadios desejos de viver e se superar. Eles fazem parte do melhor da tua história, do teu passado.

Quanta riqueza humana!. Na psicologia estudada nas faculdades da vida, isto também tem um belo nome com muitos sinônimos e lindos adjetivos. O prazer de fazer um bem, de se regozijar com a alegria alheia, do colega, do amigo, de expressar amizade, amor.

Mesmo assim eu aconselho: “Arrume um ou muitos bons colegas de serviço, mas saiba como”, senão em lugar de dádivas terá atraído problemas e será traído por eles também.

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