terça-feira, 12 de outubro de 2010

Foto: Moscou. St. Petersburg. Rússia

Na Praça Vermelha de Moscou. Imponente, magnificente. Fui várias vezes com a intenção de ver ao Lênin embalsamado, mas sempre alguma outra coisa me desviava e andava e andava, até que um dia, quase quando estava prestes a partir, decidi fazer aquela fila enorme, sob uma temperatura de -17 graus Celsius e passei pelo momento solene de render o meu tributo a um pequeno grande homem, que se bem não acertou em muitas coisas, fundamentalmente por desconsiderar que toda obra humana leva impressa o selo dos humanos que a fabricam, não é menos certo que foi um ser humano bem intencionado e por isso vale o meu respeito, mas não acredito que isto lhe faça merecedor de idolatrias nem de prestar adoração eterna e infundada.

Estes procedimentos errados e impositivos fazem com que desborde a raiva dos homens como a vi desatar, durante uma visita que fiz a linda cidade de Tbilissi, a capital de Geórgia, uma das antigas repúblicas do chamado império soviético, onde as estatuas eram ultrajadas e derrubadas com muito ressentimento. Era a barbárie de volta. Cenas feias, dantescas e dolorosas que podiam ter sido evitadas, dando a cada coisa seu valor intrínseco e não irmos além do que são e representam Não impondo aos povos heróis estranhos, com os quais não se identificam.

Espero que o mundo gaste mais em construir monumentos aos valores, às idéias, ao bem-estar e deixe aos homens descansar em paz e que seja opção de cada quem, enaltecê-los em seu ambiente, da mesma maneira que colecionam a foto de um ídolo ou as vistas de uma paisagem.


A foto é um pouco velha, foi a parte que consegui salvar.
Nessa viagem, efetuada alguns anos após a conclusão dos meus estudos, tive a grande sorte de contar com a companhia do meu pai e poder lhe mostrar o país onde estudei, que me deu abrigo (talvez um pouco frio por causa do clima de Moscou) e que queira ou não queira contribuiu com a minha formação.
Este é o Museu Estadual Hermitage em Saint Petersburg, maravilhosa cidade, de imponentes castelos e construções em geral, muita água e muita história.
Este grandioso museu, impossível de apreciar em toda sua magnitude e plenitude. Parada obrigatória não só para quem gosta das artes, senão também para quem gosta do mais belo que a nossa espécie já produziu e consagrou.


A neve e eu, somos bem diferentes, mas nos demos bem. Como costumam dizer: Foi bom enquanto durou! Só isso.

Toda vez que lembro dos mais de 05 anos que passei em Moscou, naquela época capital da antiga União Soviética, estudando para me formar como engenheiro e obter o título de Master of Science, MSc in Economy, os que felizmente conquistei, vêm a minha cabeça milhares de lembranças, afortunadamente quase todas boas, pela qualidade da vida, o monte de boas pessoas que conheci de todos os cantos do mundo, das safadezas (ninguém é de ferro!), o elevado nível do ensino, das descobertas, de todas as experiências em sentido geral.

Tem uma música que para mim simboliza este período, ela foi famosa na interpretação de vários cantores, mas os que a conhecem devem ter como referência a Chris de Burgh:

Moonlight and vodka takes me away
Midnight in Moscow is lunchtime in L.A.
Ooh, Play boys, play.

Dias atrás procurei na internet músicas de uma excelente cantora daqueles tempos: Alla Pugachova e passaram por mim, tantos filmes que provavelmente poucas cinematecas conseguem suportar. Se puderem, procurem os vídeos, mesmo sem serem um exemplo de qualidade visual, nem criativa, constatarão a força interpretativa de: "Essa mulher que canta". Vale a pena!

Как тревожен этот путь. How disturbing is this way.

Eu nunca imaginei quão conturbado seria tudo depois.

Cheguei a essas terras com escassos 18 anos, deixando para atrás uma alegre e furtiva lágrima do meu país. Parti de navio, de cruzeiro e aos poucos o horizonte me avisava que estava na hora de pensar no presente e na minha responsabilidade e comprometimento com o futuro. Ao voltar estava próximo a cumprir os 24.

Uma época marcada pela veneração e as lembranças do finado cantor ronco e russo Vladímir Vysotsky.

Onde Berioska poderia significar muitas coisas, mas francamente era o sonho de consumo de toda uma população.

Um sistema para cuja instauração precisou-se de valiosos milhões de vida e que logo, trás a sucessão fugaz de 04 presidentes, um bom dia acordei, sem ter ouvido um tiro, mas com o sistema desfeito.

Lembro-me agora da música do grupo mineiro Pato Fu: "Será que isso é bom o ruim?". Simplesmente sei que aconteceu e que muito provavelmente, foi necessário. Quem sou eu? O meu amigo o Tempo, responderá por mim.
Sempre digo que para mim na vida todo transcorre em etapas e esta foi mais uma, tão importante como a atual e as vindouras, porque é destas que eu vivo, as passadas são só lembranças.

No meu modo de vida há várias máximas e uma delas é aproveitar ao máximo as oportunidades e os momentos, por se foram bons, não deixar que a nostalgia me derrube e se foram maus, ter a convicção de que não o farei nunca mais ou ao menos farei por me manter afastado daquilo que me lacerou.

Tirar experiência de tudo e de todos.

E aonde irão …?

Para onde foram...?

Eu sempre me despedi.

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