sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quando o Riso é Saúde

O riso é sinônimo de saúde.

Mesmo que na minha adolescência, quando tive a “____” idéia de entrar num colégio militar, onde os oficiais reprimiam o riso, segundo eles em excesso, por exemplo, nas formações (para ser sincero, era toda vez que eles queriam) e mal pronunciavam um provérbio com trocadilho em espanhol: “A risa es la sal de la vida y a quien se ríe mucho, se le sala la vida”, alguma coisa parecida com que o riso é o como o sal para a vida e quem muito ri, pode ter a vida “salgada” que traduzido seria, vida infeliz, com aziago, e continuando a traduzir para ajudar na interpretação e na conotação dos fatos, isto poderia significar ficar o fim de semana sem poder sair do internato, para visitar os pais e amigos, ou outros castigos de natureza diversa.

Para não entrarmos em detalhes, porque esta não é a essência desta minha postagem, pelo contrário, é quase que uma ode à alegria, devo dizer que no meu núcleo familiar existe uma grande tradição burlesca ou burlona, e a mesma tem como tronco ou espinha dorsal, ao meu pai.

A minha mãe não ficava para trás. No pouco tempo que Deus permitiu que estivesse fisicamente conosco, ríamos muito e fomos muito felizes.

O meu pai é um grande homem, mas não hesita, com todo o respeito e contida discrição, em rir de tudo e de todos, começando por ele mesmo. Ri de mim, da minha irmã e por ai, de toda a descendência. Graças a Deus, as ligações telefônicas entre nós transcorrem num ambiente de total descontração e gastamos muitos minutos rindo. As nossas conexões, quando estamos juntos acontecem num nexo de real telepatia, um simples olhar revela a cumplicidade e a causa do riso dissimulado e depois quando temos a liberdade e a ocasião, desatamos enormes gargalhadas, para o nosso alívio.

No caso dele: rir é saúde. Já passa dos 80 anos e parece um touro de forte e saudável. Que Deus lhe dê muita saúde ainda e me permita encontrá-lo sempre, pese a estarmos geograficamente muito longe.

Os meus filhos, incrivelmente também herdaram esta característica, desde o mais extrovertido até o que aparenta ser mais enclausurado em si mesmo, é só fachada. A minha esposa às vezes surpreende-se de ver os motivos aparentemente bobos que provocam nossos surtos de risos e mais quando o fazemos de nós mesmos.

Ver os meus filhos sorrir, é a confirmação da presença do sublime, do maravilhoso, da plenitude, da vida.

Dias atrás na escola deles organizaram uma curiosa atividade cultural, onde os pais podiam fazer apresentações artísticas, em dependência do talento de cada um e assim os colegas dos meninos poderiam saber e ver o desempenho dos próprios pais e dos outros alunos conhecidos, ao tempo que os filhos teriam motivos para se orgulhar das habilidades dos respectivos progenitores perante o coletivo.

Mas como nem sempre o que se planeja de um jeito surte os mesmos efeitos, o evento despertou inevitavelmente as brincadeiras entre os estudantes e teve alunos que pagaram reverendos micos.

Vou centrar o meu comentário num pai de um aluno que tem uma academia de dança contemporânea, progressiva e radical e este artista apresentou-se desbordando movimentos, gestos, contorções, caras e bocas, que as crianças e adolescentes não entenderam muito bem e com certeza não conseguiram em sua maioria, interiorizar a mensagem. Curiosamente os meus filhos acharam o cara: “massa”, mesmo sem entender o que ele estava fazendo, só porque foi lá e mandou ver do jeito que ele quis.

Tadinho do menino!. Nada a declarar. É a vida no colégio, antes e depois daqueles instantes de esplendor cego para o pai, mas para o filho: ….

Mas os meus príncipes latino-africanos são bem estruturados e cheios de atitude. Por serem filhos de estrangeiros, possuem sobrenomes um pouco diferenciados, nomes um tanto peculiares e os colegas observam com freqüência as conversas com os pais em outra língua. Isto além de atiçar a curiosidade, também é motivo para burlas, mas eles tiram de letra.

Eu fiz a proposta de aparecer um dia na escola, no recreio, no pátio e fazer uma apresentação de surpresa, bem esquisitona, cheia de elementos raros, com sons guturais e toda a raridade que eu pudesse incorporar. Em outras palavras: a Performance.

Na medida em que contava os detalhes, eu que estava dirigindo dentro de bairro, trazendo eles da escola, ria até doer o diafragma e eles me acompanhavam do mesmo jeito e me davam idéias para incorporar ao meu espetáculo.

A resposta deles não se fez esperar e foi bastante inesperada para mim: vai, faça e verá o mico que você vai pagar, porque os primeiros que vamos rir somos nós e dizer que você é debiloide. A gente não está nem ai para o que os outros digam. Vamos rir à beça.

Eles me desafiaram. E agora que é o que eu faço?

2 comentários:

  1. Kkkkkkkkkkk...estou com dor no diafragma de tanto rir aqui sozinha, imaginando as tuas palhaçadas e a gargalhada dos meninos!

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